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Nota de Repúdio
23 de março de 2023
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A AcGO parabeniza o Acadêmico Rui Vicente Oppermann
31 de março de 2023

 Esclarecimentos sobre matéria do GZH-Digital

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 Esclarecimentos sobre a matéria publicada em GZH-Digital em 26/03/2023.

A postagem apresenta muitos equívocos que não são suportados pelo conhecimento científico contemporâneo. Assim, para que a população não receba uma informação errada, essa proposta foi elaborada, com base na já publicada matéria com colaboração das professoras da UFRGS Clarissa Cavalcanti Fatturi Parolo e Patrícia Weidlich. Este material foi elaborado pelos professores Fernando Borba de Araújo e Cassiano Kuchenbecker Rösing, professores da UFRGS e membros da *Academia* *Gaúcha* de *Odontologia*.

O conteúdo é reduzido para contemplar o formato apresentado na reportagem original.

5 PROBLEMAS QUE MAIS AFETAM DENTES E GENGIVAS

 

1 – CÁRIE
A cárie é a doença que ocorre por um excesso de desmineralização dos tecidos dentais, a partir da produção de ácido pelas bactérias que temos na nossa boca. Portanto, não é uma doença infecciosa, como por exemplo, o sarampo! Essas bactérias são presentes no biofilme dental, comumente chamado de placa bacteriana. Quando ingerimos carboidratos, principalmente açúcares, estas bactérias produzem ácido. Se essa produção de ácido for maior que a capacidade de neutralização deles, o processo de cárie inicia.

A cárie inicia-se por manchas brancas, que podem escurecer com o tempo, sugestivo de uma paralisação do processo (como se fosse uma cicatriz), e se não forem controlados os faltares que levam o indivíduo a ter cárie, haverá a evolução do processo, chegando a formação de cavidades!Para prevenir a cárie, ou paralisá-la, é importante que se tenha uma dieta saudável, reduzindo principalmente a frequência de consumo de açúcares e alimentos ultraprocessados, usando diariamente creme dental com flúor (que é absolutamente seguro e recomendado!), mantendo os dentes limpos reduzindo o acúmulo de placa, através da escovação dos dentes e do uso de fio dental ou escovas interdentais entre os mesmos. É importante lembrar que a cárie pode atingir a coroa ou a raiz dos dentes, quando esta estiver exposta.

 

2 – PULPITE
A polpa do dente é o tecido mais interno, onde se encontram os vasos sanguíneos e as terminações nervosas. Quando ela é agredida, um processo inflamatório se forma. As principais causas da inflamação da polpa, chamada pulpite, são lesões profundas de cárie, restaurações profundas ou traumatismos.

A pulpite pode progredir para a um estado mais avançado de necrose, gerando repercução nas áreas externas da raiz, chegando ao osso. É importante lembrar que as dores oriundas desses problemas são a maior causa de idas a consultas de urgência odontológica.

Uma boa saúde bucal e cuidado para evitar traumatismos (como, por exemplo o uso de protetores bucais ao realizar esportes) previnem os danos à polpa.

Quando a polpa inflama ou necrosa, frequentemente é necessário o tratamento de canal.

 

3 – GENGIVITE

Gengivite é uma inflamação ao redor dos dentes causada pelo acúmulo de biofilme dental (conhecido como placa bacteriana). Quando uma pessoa passa um período sem realizar corretamente a higiene bucal, a gengiva inflama, instalando-se uma gengivite. As características de uma gengivite são inchaço, perda do contorno da gengiva, eventualmente vermelhidão e, principalmente, sangramento ao escovar. É importante que se tenha claro que gengiva saudável não sangra!!!

Para prevenir e tratar gengivite, medidas adequadas de higiene bucal com uso de escova de dentes, creme dental e fio dental ou escovas interdentais é fundamental. O acompanhamento de um dentista quando for observado sangramento é imprescindível. O uso de clorexidina não é recomendado na prevenção de gengivite e tem tempo restrito de uso, sendo válido somente por recomendação profissional.

 

4 – PERIODONTITE

Periodontite é uma doença inflamatória crônica que provoca destruição dos tecidos que sustentam os dentes. Ela ocorre a partir de uma gengivite, quando o biofilme dental (placa bacteriana) atinge a área subgengival, causando um desequilíbrio com a defesa do organismo. Portanto, hoje ela é considerada uma disbiose. Como a cárie,não é uma doença infecciosa, uma vez que são as bactérias do nosso próprio microbioma que desencadeiam o processo inflamatório que pode levar a destruição. Indivíduos fumantes e diabéticos apresentam maior risco ao desenvolvimento de periodontite. Sinais mais tardios de periodontite incluem recessão (retração) da gengiva e mobilidade dentária. A periodontite pode causar perda de dentes. Para prevenir periodontite, é importante manter-se sem gengivite e fazer consultas periódicas de manutenção com um dentista. Além disso, não fumar e controlar o diabetes são medidas importantes. O tratamento é feito com diferentes técnicas com o objetivo de remover microrganismos e cálculo dental, para levar à cicatrização dos tecidos. Os tratamentos disponíveis hoje para periodontite, sem o uso de antibióticos, são eficazes em mais de 90% dos casos.

 

5 – HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA

A hipersensibilidade dentinária é uma dor de curta duração que cessa após o estímulo quando a dentina está exposta. Estima-se que um em cada 3 adultos apresentem o problema. A presença de recessão (retração gengival) ocorre por escovação traumática ou por presença de periodontite. Quando a gengiva retrai, expõe-se a dentina e, principalmente com estímulos térmicos (alimentos gelados) ou químicos (ácidos ou açúcares), há a desagradável sensação dolorosa. Quando há cavidade de cárie, não estamos frente a hipersensibilidade dentinária

A prevenção da hipersensibilidade dentinária se dá por prevenção da recessão (retração) da gengiva e um consumo reduzido (diminuindo a frequência) de ácidos como frutas, refrigerantes, isotônicos, etc.

O tratamento visa a obliteração da dentina ou a despolarização da fibra nervosa, o que é obtido com cremes dentais anti-hipersensibilidade ou com diferentes procedimentos a serem usados no consultório odontológico, que variam de aplicações de flúor até aplicação de laser.